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Conheça Joyce Martins: a vencedora do prêmio Barco a Vapor

Em entrevista exclusiva, Joyce Martins nos contou um pouco sobre sua história com a literatura e como foi escrever um livro em dez dias.

Arquivo pessoal

Joyce Martins


Joyce Miranda Leão Martins é professora, cientista política, socióloga e escritora. Nasceu no ano de 1986 em Fortaleza, Ceará.


É filha de Aurora Miranda Leão e Lucino Cléver Mesquita Martins.


Começou escrevendo histórias que ela considera como "pequenas coisas".


Posteriormente, com o passar dos anos, começou a compartilhar seus textos no Facebook, onde teve uma boa recepção por parte de seus amigos que a incentivaram a escrever mais.


Eram textos curtos, que relatavam suas vivências e relatos de viagens. Continuou acreditando em sua escrita e passou a escrever contos e crônicas.


Participou do livro de contos Veracidade, publicado pela editora Ases da Literatura, onde publicou o conto "A praga dos esquecidos".


Além desse, publicou também um miniconto chamado "Ela era uma poesia do Quintana", pela editora Ipê Amarelo.


Mais recentemente, em uma velocidade assustadora, Joyce Martins escreveu o livro infantojuvenil "A tatuagem", que venceu a 18ª edição do prêmio Barco a Vapor.


Está trabalhando na continuação da obra.


Joyce Martins gosta de MPB. A trilha sonora de sua vida é feita por cantores como Caetano Velozo, Chico Buarque, Adriana Calcanhoto, Marisa Monte e Geraldo Azevedo.


Mas ela também gosta de pop-rock nacional (dos anos 1980) e de músicas na língua espanhola, que ela tem bastante apreço.


Alejandro Sanz, Jorge Drexler, Pedro Guerra e Fernado Cabrera são alguns exemplos.


Seu filme predileto é Um Lugar Chamado Notting Hill, do qual ela assistiu diversas vezes.


Ciências Sociais e a Literatura


Joyce Martins tem uma carreira brilhante em Ciências Sociais.


É doutora em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com estágio de doutorado na Universidad Complutense de Madrid (UCM) e tem pós-doutorado em Ciência Política pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).


Joyce nos conta que, embora pareça haver um distanciamento entre as duas áreas, na verdade, elas se complementam.


Isso porque, para ela, ser uma cientista política contribui em suas narrativas ficcionais.


"Eu sou apaixonada pelas Ciências Sociais, pelo potencial que elas têm, pela forma de desconstruir nossa realidade e mostrar que podemos construir outros caminhos.
Se eu não tivesse ido ao Sul para fazer meu doutorado em Ciência Política, A tatuagem não existiria.
Hoje, eu quero muito nunca mais parar de escrever, nunca sair da literatura, mas acho que as profissões se complementam."

Além de ser uma grande admiradora de Pedro Bandeira, Joyce também tem grande fascínio pelas obras de George Orwell.


Inclusive, conheceu pessoalmente a casa de Orwell em 2014.


"Era dia de feira em Notting Hill, fui andando pelo bairro. E encontrei umas flores muito bonitas.
Um monte de gente tirando foto, eu me aproximei para ver o que era. Eram as flores da primavera.
Ninguém reparou que ficavam em frente da casa onde morou o George Orwell. Eu quase tive um treco!"

Joyce Martins em frente a casa de George Orwell. Notting Hill, 2014.

Além desses, Joyce também tem bastante admiração por escritores como Isabel Allende, Rachel de Queiroz, Mia Couto, José Saramago, Aline Bei e Mário Benedetti.


A tatuagem


O livro conta a história de uma menina perseguida por uma sequência de números, interligados com seu passado e presente.


Segundo a autora:


"Ela tinha muitas dores e tentou esquecer tudo aquilo. A história dela se confunde com a de páginas tristes do passado da humanidade."

O livro surgiu de uma vontade antiga que Joyce tinha de escrever uma história de ficção. Desenvolveu a história a partir de anotações preliminares que havia feito no ano de 2016.


"Mas já havia o conto, com começo, meio e fim. Eu só precisava imaginar o que havia acontecido no durante, aumentar a história, e ela meio que veio vindo"

Explica.


Apesar de haver a história preliminar, Joyce Martins conta que o texto ainda era muito curto, inferior a uma página. Foi preciso desenvolver o mais depressa possível, pois, do contrário, ela perderia a data de envio das obras.


Com muita dedicação, força de vontade e talento, Joyce Martins escreveu "A tatuagem" dentro do prazo de 10 dias.


O livro será publicado pela Edições SM.


Trechos de A tatuagem


"Depois da sua partida, a tatuagem ficou rondando os meus sonhos, os pensamentos involuntários surgidos no ônibus, os números nas placas de carro.


Não era o seu rosto que eu vislumbrava, nem um vulto ou a lembrança do seu cheiro.


Era sempre a maldita tatuagem".


Outro trecho:


"Eu precisava voltar para o Brasil, e para o meu passado, urgentemente.


Eu fui ficando cheia de lembranças e pensamentos, com muito medo que eles pudessem transbordar, mas Ângela sempre me acalmava:

— Essas coisas não acontecem. Pensamento nenhum cai de dentro da gente. O ser humano tem capacidade infinita de guardar histórias. É como se, cada um, levasse um baú sem fundo e invisível dentro de si.


Uma pessoa é sempre muita gente."


Sobre a premiação


O prêmio Barco a Vapor é um dos maiores prêmios literários voltado à literatura infantil e juvenil.


Surgiu na Espanha, em 1978, mas só veio para o Brasil no ano de 2005. Já está na sua 18ª edição.


Além de valorizar a literatura nacional e possibilitar novas leituras a jovens leitores, há também a premiação de R$40.000,00 (quarenta mil reais) ao escritor da obra vencedora.


Joyce Martins nos contou que foi uma enorme surpresa saber que tinha vencido o prêmio:

"Depois que fiquei entre os finalistas (que me parecia impossível), eu passei a achar que poderia ter alguma chance.
Mas gostei muito de alguns títulos. Então, sabia que, mesmo que houvesse chance, a disputa era muito difícil.
Nesse meio tempo, criei um Instagram de literatura e fui seguindo outras finalistas.
Gritei, corri, senti uma sensação indescritível. Fiquei muito, muito feliz, imaginando que poderia seguir por aí também, pela literatura."

Sobre a escrita


Joyce é, sem dúvida, uma escritora muito talentosa. É possível notar através de seus pensamentos acerca da escrita. Para ela, escrever é algo que está além de seu controle:


"Eu escrevo porque as palavras exigem. Não conseguem ficar só em mim."

Joyce Martins aconselha aos novos autores que a leitura é fundamental. Assim como a perseverança e o sentimento:


"Ler muito. Acho que toda a caminhada começa com a leitura. E é preciso perseverar também. Mas acho que, leitura e sentimento, são as duas coisas mais fundamentais."

Saiba mais sobre a autora em: @joycemartins_escritora

 

Fonte: Entrevista exclusiva.

 

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