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Foto do escritorRafael Moraes (Fundador)

Entrevista com Rafael Gallo: brasileiro vencedor do Prêmio José Saramago

Atualizado: 10 de out. de 2023

'Dor Fantasma' será distribuído em todos os países lusófonos.

Foto por: Wilian Olivato

Receber um importante prêmio literário é o sonho de muitos escritores, pois é um grande divisor de águas na vida de quem escreve.


E quando o assunto é relacionado a prêmios, Rafael Gallo tem muito o que falar.


Venceu em 2012 o Prêmio Sesc de Literatura. Em 2016 venceu o Prêmio São Paulo de Literatura, e, mais recentemente, foi laureado com uma das mais cobiçadas premiações literárias: o Prêmio José Saramago.



E além de receber esse reconhecimento muito merecido, Gallo recebeu também a quantia de 40 mil euros.


Sua obra 'Dor Fantasma' agora será distribuída em todos os países lusófonos.


Veja a entrevista completa com o autor!


Entrevista com Rafael Gallo

Foto por: Wilian Olivato

1. Rafael, o que é mais difícil: ganhar o Prêmio José Saramago ou ter que lidar com piadas sem graça sobre o seu sobrenome "Gallo", ou você nunca passou por isso?


Sim, já passei várias vezes. Bom, pode se dizer que estou passando agora mesmo.


2. Você já venceu o Prêmio Sesc de Literatura, com o livro 'Réveillon e outros dias', em 2012. Venceu também o Prêmio São Paulo de Literatura, com o livro 'Rebentar' em 2016. E, agora, acabou de vencer o Prêmio José Saramago... Como estão os preparativos para o recebimento do Prêmio Nobel?


(risos) Talvez eu já tenha gastado toda minha sorte a essa altura. O Saramago era o mais sonhado, se nada mais acontecer em premiações, posso me dar por totalmente satisfeito.


3. Você acha que venceu todos esses prêmios por sorte? Acho que não...


Eu acho que há uma componente de sorte, em algum grau, porque sempre depende de o livro pegar os jurados certos na hora certa. Sei que o mesmo livro, nas mãos de pessoas diferentes, pode passar de adorado a detestado, e tudo que há no meio.

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4. Falando um pouco de você... Como surgiu a sua paixão pela escrita? Você é do time que escrevia na barriga da mãe ou passou a se interessar pela literatura mais tarde?


O interesse mais direcionado, e intenso, à literatura veio um pouco tardiamente. Eu comecei a escrever a sério por volta dos 30 anos, que foi quando escrevi os contos que se tornariam o "Réveillon e outros dias".


Mas antes disso veio a leitura, que foi a fonte primordial do meu gosto pelos livros.


Essa inclinação maior começou ali por volta do ensino médio, cursinho, com as leituras obrigatórias para o vestibular.


No entanto, antes de tudo isso eu fui uma criança já muito ligada à imaginação e à criatividade. Só que, naquela época, era mais ligado a desenhos, histórias em quadrinhos etc.


Depois, conforme cresci, fui me interessando mais pela música e outras artes. Mas em tudo isso havia a força motriz do que, para mim, é também a força matriz da literatura.


Então, de certa forma, comecei tardio na literatura, mas estou na literatura desde pequeno.


5. No seu ponto de vista, quais você acha que são os pontos mais importantes que um autor precisa se atentar para ganhar prêmios tão importantes assim como você?


O primeiro é o bom e velho clichê de não desistir. Os concursos que ganham aparecem, mas eu também perdi vários, que ninguém conta.


O segundo é escrever a história com a qual você se importa, aquela que é a que você deseja colocar no mundo, e não a que você acha que pode agradar a outros.


Por fim, dar atenção ao edital, para não ficar de fora à toa.


6. Teve muitos prêmios que você participou e não ficou em primeiro? Quais?


Sim, muitos! Antes de ganhar o Prêmio SESC, por exemplo, eu mandei os contos para dezenas de concursos. E cheguei a mandar versões anteriores do "Dor fantasma" para outros prêmios. Além de muitos outros pelo caminho.


7. Falando um pouco sobre 'Dor Fantasma' - o livro que você escreveu e que veio a ganhar o Prêmio José Saramago... Eu gostei muito da premissa. Tipo, muito mesmo. Você poderia falar um pouquinho sobre ele?


Ah, obrigado. É a história de um pianista virtuoso, da música clássica, chamado Rômulo Castelo, que vive apenas para alcançar a excelência em sua arte.


Ao redor, o casamento dele é esvaziado e o filho, portador de deficiência, absolutamente negligenciado.


Ele busca somente a perfeição, que espera realizar com um turnê vindoura de apresentações, mas antes que isso ocorra ele sofre um acidente e tem a mão direita amputada.


A partir daí, entra em uma espiral de derrocada, por não conseguir lidar com a ideia de não ser mais aquilo que tinha como sua identidade, seu trunfo.


8. Você fez algo no seu site que a gente valoriza muito, que é disponibilizar fotos e releases para divulgação. Isso ajuda muito os canais de mídia e poucos escritores fazem isso. Você poderia explicar aos seus colegas a importância de ter essas informações disponíveis em algum lugar onde todos possam ter acesso?


(risos) Acho que você explicou melhor do que eu poderia. Só posso dizer aos colegas que é um conselho importante, que poderia facilitar a vida de todos. Aliás, preciso atualizar esse material. Mas continuo assombrado, às vezes, por fotos mais antigas minhas, que buscam no Google (risos)


9. Para encerrar... Nós estamos procurando sócios para compor a nossa diretoria. Você quer se candidatar? Já aproveita e deixa as considerações finais...


(risos) No momento, não estou conseguindo nem gerir a mim mesmo (como visto pelo fato de eu ter marcado duas entrevistas ao mesmo tempo, com vocês, pelo quê, de novo, peço desculpas).


Mas como considerações finais: a literatura atual está cheia de bons autores e boas autoras, a gente não precisa esperar que alguns ganhem prêmios para atentar para eles.


Somos nós que ganhamos como leitores. Livros de Adriana Lisboa, Andréa del Fuego, Maurício de Almeida, João Carrascoza e tantos outros são leituras sensacionais, eu deixo essa dica quase como um favor que faço a quem se dar o prazer de lê-los. E tantos outros. Obrigado!

 

Entrevista realizada em 22/11/2022

 

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