Como surgiu o Braille? Quem inventou o sistema Braille de escrita e leitura?

O sistema Braille é muito importante para pessoas cegas e para aquelas que possuem algum tipo de deficiência visual.
Sem esse sistema, seria inviável a leitura e a escrita para elas.
É importante lembrar que, de acordo com a Agência Brasil, só no território brasileiro existem mais de 580 mil pessoas cegas e outras 6 milhões com baixa visão.
Isso mostra a importância desse sistema em nosso país e o quanto é importante sabermos sua história para pensarmos em novas formas de possibilitarmos o acesso a leitura.
Como surgiu o Braille?
O sistema Braille de leitura e escrita surgiu na França no século 19 pelo estudante Louis Braille.
Ainda na infância, quando tinha três anos de idade, Louis Braille sofreu um acidente doméstico enquanto brincava com uma sovela — equipamento pontiagudo usado para furar couro e outros materiais.
Seus pais fizeram de tudo para impedir que o filho ficasse cego. Porém, infelizmente, o acidente foi muito grave.
O olho ferido pegou uma infecção que acabou atingindo o olho saudável. Sendo assim, Braille perdeu a visão dos dois olhos.
A partir daí, a vida do garoto mudou completamente.
Seus pais continuaram dedicados em ajudá-lo nos estudos e na vida. Braille era tão determinado que, aos 12 anos, por ser um jovem muito inteligente, ganhou uma bolsa de estudos no Instituto Nacional para Jovens Cegos, em Paris, onde teve contato com um sistema de escrita e leitura diferente do que ele conhecia até então.
Foi aí que seus pensamentos em relação a linguagem surgiram.
Esse método usado na escola, no processo de alfabetização, era muito complexo, o que dificultava bastante o desenvolvimento dos estudantes.
Tratava-se basicamente de um sistema de impressão de letras em alto relevo. Mas não era muito eficiente, já que a maioria dos jovens não conseguia identificar o que estava escrito.
Exército francês
Nessa mesma escola, Louis Braille conheceu um militar chamado Charles Barbier de La Serre, que foi até a instituição para apresentar aos estudantes um código que ele havia desenvolvido para o exército francês.
Esse código era conhecido como "Escrita Noturna" e foi criado por determinação de Napoleão Bonaparte que queria um sistema de escrita que os soldados franceses pudessem ler as ordens durante à noite.
O método criado por Barbier não deu muito certo no exército porque os militares acharam o processo de leitura e decodificação muito demorado.
Por esse motivo, Barbier levou o código aos garotos, para que pudessem ajudá-los de alguma maneira.
Estudos aprofundados
Com base no método que já existia na escola mais o código desenvolvido por Charles Barbier, Louis Braille começou a estudar os dois sistemas profundamente.
Fez de tudo para que pudesse tornar a leitura agradável e possível.
Aos 15 anos, depois de muita tentativa e erro, ele chegou ao método que conhecemos hoje. Nasceu ali o sistema Braille.
Diferenças entre os métodos

Na "Escrita Noturna" desenvolvida por Barbier, a combinação dos símbolos era grande e não havia símbolos de números, nem de acentos, nem mesmo de notas musicais.
Já no novo método, Braille construiu um formato que permitia a soletração, facilitando a identificação das letras e símbolos.
Além disso, o sistema usava como base o alfabeto francês, assim como, os números.
Foram criadas 63 combinações em alto relevo.
Aceitação do público
O método de Braille não foi aceito de imediato, embora fosse muito eficaz.
No entanto, ele foi ensinando aos colegas como funcionava até que todos foram aprendendo aos poucos.
Conta-se que o diretor da instituição na época, Dr. Pignier, ajudou muito na disseminação do método na escola, embora não fosse nada oficial ainda.
Por aplicar um método desconhecido por seus superiores, o Dr. Pignier foi demitido da instituição.
Entretanto, apesar de todas as dificuldades enfrentadas, Louis Braille, no momento da demissão de Pignier, já era um dos professores da escola.
Oficialização do método
O método de Louis Braille só se tornou oficial e permitido dois anos após a sua morte, em 1854.
A partir de então, o método tornou-se popular em todo o território francês, e passou a ser o sistema mais eficaz para cegos usado na França.
Logo depois, outros países passaram a se interessar pela grande invenção.
Louis Braille morreu em 1852 de tuberculose, aos 43 anos.
Utilização do Braille no Brasil
O sistema Braille veio para o Brasil por volta do ano de 1850 por iniciativa de José Álvares de Azevedo — que é considerado o primeiro professor cego do Brasil.
Ele estudou na França, onde conheceu o método.
Nota: Não confundir José Álvares de Azevedo com o escritor Álvares de Azevedo.
Desde então, não somente no Brasil, mas também no mundo, o Braille é o método mais usado de escrita e leitura para cegos.
Atualmente, instituições como a ACLB — Associação de Cegos Louis Braille — e ADVEG —Associação dos Deficientes Visuais do Estado de Goiás — estão à frente na busca por melhorias e na difusão do conhecimento e acesso à informação.
Conclusão
O sistema Braille é composto por 63 combinações em alto relevo, que possibilitam a leitura e escrita de textos para pessoas cegas.
Foi desenvolvido pelo jovem francês Louis Braille no século 19, quando ele tinha 15 anos de idade.
Desde então, o Braille ficou bastante conhecido no mundo e é o sistema mais prático e eficaz na difusão da leitura e escrita para os cegos.
No Brasil, o professor José Álvares de Azevedo foi o principal responsável por disseminar o método.
Fontes: ACLB, ADVEG, Agência Brasil e Mundo da Educação