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Foto do escritorRafael Moraes (Fundador)

Verena Cavalcante: "Escrevo porque a folha é minha tela em branco e eu não sei pintar"

Uma das principais escritoras brasileiras de horror da atualidade, Verena Cavalcante fala sobre sua vida e sobre seu Inventário de Predadores Domésticos, publicado pela editora Darkside!

A literatura é múltipla!


A literatura brasileira é uma das mais diversas do mundo.


Os livros escritos e publicados em nosso país apresentam visões diferentes de uma mesma cultura.


Cada nova obra traz em seu cerne um pouco do que cada escritor é capaz de ver ao seu redor, e essa característica heterogênea, nos possibilita ver a vida com vários olhos.


Hoje, você verá o mundo através dos olhos de Verena Cavalcante, umas das principais escritoras contemporâneas de horror.


Verena


Verena Cavalcante é um nome forte, único e memorável. Um pseudônimo que representa a autora em todas as suas letras.


A impressão que temos, ao conhecê-la, é que esse nome foi criado exclusivamente para ela, assim como ela, para ele.


Verena, de acordo com o Dicionário de Nomes Próprios, é uma variante do nome alemão Verônica, que, por sua vez, é também uma variante da versão latinizada do nome Berenice.


Para quem gosta de horror e histórias sombrias, é impossível não se conectar ao personagem criado por Edgar Allan Poe em Berenice...


Quando questionada sobre quem é a pessoa por detrás desse nome, Verena, poeticamente responde:


Verena é uma persona que escolhi para exteriorizar as feridas do viver.
Ela é a voz do medo que ecoa dentro de mim, alguém que arranca cascas de feridas, abre caixas cheias de pó, cavouca túmulos esquecidos.
A Verena é minha parte recôndita e sombria.

Para ela, Verena significa ainda mais:


Verena me remete a Verdade, em latim. Cavalcante me faz pensar em Galopante. Foi assim que compus o pseudônimo.


Infância


Verena Cavalcante nasceu em junho do ano de 1989 na cidade de São Paulo. É filha de Edilene Oliveira Gonçalves e de José Renato Gonçalves.


Sua história com a escrita começou ainda na infância.


Embora, atualmente, ela seja a única de sua família a seguir carreira literária, seu avô paterno também era escritor e chegou a publicar dois livros.


Alguns tios também tinham familiaridade com a escrita e chegaram a publicar poemas em antologias e participavam ativamente de associações locais de escrita.


Logo quando foi alfabetizada, ainda aos 4 anos de idade, Verena Cavalcante já escrevia as suas primeiras histórias.


Eram versões próprias dos desenhos que ela conhecia na época, principalmente da Disney.


Seus pais, embora relutantes no início em relação aos gostos peculiares da filha (principalmente em relação a sua primeira obra publicada, Larva) apoiaram e incentivaram sua relação com os livros.


Inclusive, aos 11 anos, Verena teve contato com o seu primeiro livro do escritor de terror Stephen King, presenteado pelos próprios pais.


Se considera muito privilegiada por ter nascido em uma família que sempre apoiou as suas escolhas, por mais assombrosas que fossem.


O mesmo apoio recebido ela garante que dará a filha, independente de quais venham a ser seus gostos futuros.


Primeiras obras


Se na infância Verena escrevia algumas continuações dos desenhos da Disney, na adolescência passou a publicar suas primeiras fanfics inspiradas nas aventuras do bruxo Harry Potter, em uma plataforma chamada Floreios e Borrões.


Aos 21, passou a escrever textos completamente autorais. E aos 23, seu primeiro livro de contos, denominado Larva, já estava escrito. A obra foi originalmente publicada pela editora Oito e Meio.


Larva se destaca por ter as histórias narradas pelo ponto de vista de crianças.


Logo depois, Verena Cavalcante publicou o seu segundo livro, O Berro do Bode, pela editora Penalux, que apresenta histórias mais voltadas ao sobrenatural e ao fantástico.


As duas obras integram o seu mais recente livro: Inventário de Predadores Domésticos, publicado pela editora DarkSide, que reúne os principais escritos de Verena em nova versão estendida, reescrita e com novas histórias.


Prêmios


No ano de 2015 Verena Cavalcante venceu, em primeiro lugar, o prêmio literário Cidade Poesia, com o conto Olhos da Bisavó, presente em Inventário de Predadores Domésticos.


Além da escrita


Além de escritora, Verena Cavalcante é tradutora e revisora de textos. É apaixonada por insetos e uma grande admiradora da psicanálise.


Se não fosse escritora, poderia facilmente ter sido psicóloga ou uma entomologista, pois são duas áreas que muito lhe interessam.


O amor pelos insetos e pelos animais está estampado na capa de seu livro mais recente.


Verena também gosta muito de cinema e música.


Cantores como Belchior, Clube da Esquina, Mariee Sioux, Jean Ritchie, Joanna Newsom, Regina Spektor, Siouxsie and the Banshees, The Smiths e Johnny Cash tocam em seu dia a dia.


Nas telas, seus filmes prediletos são O Homem de Palha, A Hora do Lobo, A Companhia dos Lobos, Contraponto, Vá e Veja, Santa Sangre, Hereditário e A Bruxa.


Gosto muito de cinema de horror dos anos 70. Splatter italiano, giallo... Surrealismo tchecoslovaco.
Curto bastante os filmes da A24. O cinema do Bergman, do Jodorowsky. Enfim, muita coisa.

Escritores que ela admira


Verena tem uma lista gigante com os nomes mais diversos para os escritores que ela gosta.


A nível nacional, ela faz questão de destacar nomes como Cesar Bravo, Paula Febbe, Marco de Castro, Bruno Ribeiro, Márcio Benjamin, Irka Barrios, Roberto Denser, Nathalie Lourenço, Antônio Xerxenesky, Sheyla Smanioto, Aline Bei, Marco Severo, José Mauro de Vasconcelos, Hilda Hilst, Lygia Fagundes Telles e outros.


A nível internacional, seus escritores prediletos são Mariana Enríquez, Samanta Schweblin, María Fernanda Ampuero, Selva Almada, Miguel Torga, Júlio Cortázar, Fernanda Melchor, Leonora Carrington, Svetlana Aleksiévitch, Junji Ito, William Faulkner, Stephen King, Angela Carter, Anne Sexton, Elena Ferrante, Shirley Jackson e muito mais.


A lista é infinita.

Brinca ao citar os nomes.


Mensagem para novos escritores


Verena Cavalcante acredita que a leitura é um dos principais pilares da escrita. Para ela, um bom escritor é, acima de tudo, um bom leitor.


Leiam muito. Leiam de tudo. Sejam leitores excelentes e sejam exímios leitores antes de qualquer coisa.
Quanto melhor você ler, melhor você vai escrever. Quanto mais você for um leitor assíduo, mais qualidade vai ter o seu texto.
Também recomendo que encontrem uma voz própria e que usem a própria verdade. Sempre. Sem fantasia.

Verena diz que a escrita é a maneira pelo qual os seus pensamentos tornam-se matéria viva.


Escrevo porque a folha é minha tela em branco e eu não sei pintar.

Além disso, Verena nos explica qual a função do horror na vida das pessoas:


O horror taí para incomodar. Para perturbar. Para causar repulsa. Para causar nojo. Para causar inquietação e fascínio.

Ela nos explica ainda sobre o medo que algumas pessoas têm de insetos:

...eu acho que as pessoas precisam se permitir sentir coisas ruins também... Então, se o medo dos bichos... não gosta dos insetos, tem medo dos insetos, essa pessoa deveria abraçar esse medo e ver o que sai dele. Talvez até pensar um pouco sobre esse medo e descobrir mais de si mesma... o porque de se sentir assim.

Conclusão


Em entrevista exclusiva, Verena Cavalcante nos contou um pouco sobre sua trajetória na literatura, sobre sua vida e sobre o universo do horror.


Para saber mais sobre a autora, siga o seu perfil nas redes sociais: @autora.verena

 

Fontes: Entrevista exclusiva.

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