Rafael Moraes (Fundador)

5 de abr de 20234 min

Maior edital literário para mulheres é lançado pelo Ministério da Cultura

Edital vai premiar 40 obras inéditas escritas por mulheres. Premiação total é de R$2 milhões.

Reprodução/via MinC

O Ministério da Cultura (MinC) acaba de lançar oficialmente (05/04) o Prêmio Carolina Maria de Jesus, Literatura Produzida por Mulheres 2023.

A premiação visa reconhecer 40 obras inéditas, escritas exclusivamente por mulheres, e, oferecendo a cada uma das autoras selecionadas, a quantia individual de R$50 mil, totalizando em R$2 milhões o valor total do prêmio.

Essa iniciativa visa reconhecer e valorizar a literatura brasileira escrita por mulheres. As inscrições começam no dia 12 de abril e vão até 10 de junho.

Além disso, poderão concorrer obras de contos, crônicas, poesias, histórias em quadrinhos, romances e roteiros de teatro redigidos em português do Brasil.

Das 40 obras a serem premiadas, 20% (8) deverão ser de mulheres negras, 10% (4) para mulheres indígenas, 10% (4) para mulheres com deficiência, 5% (2) para mulheres ciganas e 5% (2) para mulheres quilombolas.

A Comissão de Seleção também será composta apenas por mulheres, seis no total.

Durante a cerimônia de lançamento do prêmio, no Palácio do Planalto, a Ministra da Cultura Margareth Menezes explicou:

Esse edital é estratégico, pois incentiva a produção literária feminina, amplia a diversidade na literatura e, consequentemente, a diversidade cultural. Além disso, o apoio a escritoras é fundamental para o fortalecimento da cadeia produtiva do livro e o fomento da leitura a partir da seleção de obras de qualidade chancelada pelo Ministério da Cultura.

O Prêmio Carolina Maria de Jesus é um grande marco na literatura brasileira.

Para acessar o edital, clique aqui.

Carolina Maria de Jesus

Carolina Maria de Jesus nasceu em 14 de março do ano de 1914, em Sacramento, interior de Minas Gerais.

Sua infância foi marcada por dificuldades. Seus avós eram escravos, sua mãe era lavadeira e Carolina dividia a atenção da mãe com seus sete irmãos.

Desde pequena manifestava o interesse pela literatura.

Dizem que ela era muito curiosa em relação aos saberes do mundo e perguntava tudo que lhe ocorria a mente.

Aos sete anos de idade, Carolina começou a estudar. Cursou a primeira e a segunda série do primário no Colégio Allan Kardec — considerado o primeiro colégio espírita do Brasil.

Infelizmente, por falta de recursos financeiros, a família de Carolina decidiu mudar da cidade, transferindo-se para a zona rural. Carolina teve os estudos interrompidos.

Nessa época, a família de Carolina passou por muitas dificuldades e mudaram-se várias vezes em busca de um lugar onde pudessem se estabelecer melhor.

Chegaram no estado de São Paulo e moraram em cidades como Ribeirão Preto, Franca e Ubatuba. Há relatos de que a família tenha chegado até mesmo a passar fome.

Durante a infância, Carolina Maria de Jesus foi presa ao lado da mãe quando ainda moravam em Sacramento. Fizeram uma falsa denúncia dizendo que ela estava lendo o livro de São Cipriano.

Vida adulta

Em meados de 1950, depois de ter morado por aproximadamente dois anos no Rio de Janeiro, Carolina mudou-se para a cidade de São Paulo.

Morou nas ruas por algum tempo e, devido a uma ordem dada pelo governador da época — Adhermar de Barros —, para que todas as pessoas em situação de rua fossem despejadas em um grande terreno nas proximidades do rio Tietê, ela acabou residindo naquele endereço, conhecido como Favela do Canindé.

Exerceu a profissão de doméstica e foi também catadora de papel — profissão que desempenhou durante os doze anos que viveu na região, sendo essa a sua principal fonte de renda.

Nos cadernos e folhas que ela encontrava nas ruas, escreveu seus diários, onde relatou o seu cotidiano e denunciou os desgostos da sociedade que a cercava.

Teve três filhos: João José, José Carlos e Vera Eunice.

Durante uma reportagem na favela do Canindé, o jornalista Audálio Dantas conheceu Carolina, que acabou lhe apresentando seus diários.

A partir daí, com publicações no jornal Folha da Noite, e depois na revista Cruzeiro, os textos de Carolina passaram a ser conhecidos, até serem transformados em livro no ano de 1960.

Quarto de Despejo fez tanto sucesso que, na primeira semana de lançamento, vendeu 10 mil exemplares.

Carolina Maria de Jesus morreu no dia 13 de fevereiro de 1977 vítima de asma.

Quarto de Despejo

Quarto de Despejo teve sua primeira edição publicada no ano de 1960. O livro mudou a vida de Carolina (e do mundo) para sempre.

As histórias verídicas relatadas na obra, apresentam aos leitores os traços de uma sociedade desigual e preconceituosa.

A obra já foi traduzida para mais de 16 idiomas e publicada em mais de 46 países.

Outras obras

  • Quarto de despejo: diário de uma favelada (1960);

  • Casa de alvenaria: diário de uma ex-favelada (1961);

  • Pedaços da fome (1963);

  • Provérbios (1965);

  • Diário de Bitita (1986);

  • Meu estranho diário (1996);

  • Antologia pessoal (1996);

  • Onde estaes felicidade? (2014).

Conclusão

O Prêmio Carolina Maria de Jesus é um grande marco na literatura brasileira por reconhecer e valorizar a literatura escrita por mulheres.

Premiará 40 obras inéditas nas categorias: contos, crônicas, poesias, histórias em quadrinhos, romances e roteiros de teatro redigidos em português do Brasil.

Além disso, cada autora premiada receberá a quantia de R$50 mil, totalizando em R$2 milhões o valor total da premiação.

As inscrições começam no dia 12 de abril e vão até 10 de junho. Para ter acesso ao edital, clique aqui.


Fontes: Ministério da Cultura, Correio Braziliense, UFMG, Mundo da Educação e El País


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