Rafael Moraes (Fundador)

28 de dez de 20225 min

Como deixar o texto mais fluido? Aprenda com dicas práticas

A arte de escrever bem é rodeada de técnicas que podem ajudar na carreira de qualquer escritora ou escritor.

Saber reconhecer o que está bom e o que não está é extremamente importante na construção da narrativa, e é por isso que decidimos publicar esse artigo.

A história começa antes da escrita

Engana-se quem acha que o texto só começa quando ele é escrito. Na verdade, o texto começa muito antes das palavras serem desenhadas.

Um dos pontos mais importantes para deixar uma história mais fluida começa justamente na organização das ideias centrais do texto.

Parece bobeira, mas não é, sabe por que? Porque tudo que começa ruim tende a terminar péssimo.

É claro que isso não é unânime, existem variáveis, como tudo na vida.

Mas se você começa a escrever um texto sem ter a mínima noção do que está escrevendo, as chances dele se tornar travado e maçante são muitas.

Isso acontece porque os acontecimentos da narrativa não serão construídos de forma que faça sentido para o leitor.

Talvez possa fazer sentido para você, que é o criador da obra, porém, se as ideias não estiverem devidamente organizadas e conectadas entre si, com fatos que expliquem as ações dos personagens, talvez ela se torne enfadonha.

Por essa razão, é muito importante que você pense com calma sobre o que vai escrever. Encontre um tema que você tenha afinidade, algo que você queira colocar para fora.

Quando você organiza suas ideias de forma clara e objetiva, você consegue até escrever melhor, mais rápido, diminuindo até mesmo as chances de ter bloqueios criativos.

Experimente: comece pensando no clima da história, se vai prevalecer uma sensação de mistério, romance, comédia, etc.

A partir disso, vai ficar mais fácil até na criação dos personagens.

Pode ser que em algumas histórias você pense nos personagens primeiro. E está tudo bem, cada um tem o seu jeito de fazer as coisas.

Mas quando você pensa primeiro no clima da história e vai desenvolvendo através disso o enredo, a coisa vai ficando "chuchu beleza".

Quem vai ler?

É óbvio que ninguém sabe responder essa pergunta com exatidão, mas é preciso usá-la como um norteador de ações.

Essa pergunta é importante porque a resposta dela vai conduzir boa parte da sua escrita.

Se você pretende escrever um livro para acadêmicos e estudiosos de uma determinada universidade, você provavelmente terá que escolher uma linguagem mais formal, mais técnica. Gírias, neste caso, não seriam bem-vindas.

Por outro lado, se você está pensando em escrever um livro para entreter jovens e adolescentes, a linguagem mais coloquial pode fazer sentido.

Pensar no público-alvo é extremamente importante, entretanto, muitos autores pecam nesta parte: acham que podem escrever para todo mundo.

Não tem problema algum você querer escrever uma história que possa ser lida por todas as pessoas do planeta Terra. Mas a verdade é que você não vai ser lido por todo o mundo.

Você vai ser lido por um grupo específico de pessoas que, naquele momento da vida, estarão em busca de um livro como o seu.

Tentar alcançar todo mundo não traz bons resultados, dá muito trabalho e frustração.

Comece pequeno, com um público bem segmentado e vai crescendo aos poucos, conforme você for se desenvolvendo.

Não seja prolixo

Se você quer proporcionar uma leitura mais fluida e agradável aos seus leitores, precisa se atentar a isso.

Falar demais e não dizer nada é um perigo. Escreva o que precisa ser escrito, diga o que precisa ser dito, de forma coesa, clara, e que leve o leitor a se interessar por mais, a querer mais.

Quando o seu texto fica exageradamente grande e sem sentido algum, a leitura não fica fluida e nem agradável, muito pelo contrário, fica cansativa e faz o leitor se interessar cada vez menos pela história.

Quem nunca largou um livro pela metade não é mesmo?

Uma boa dica pra você saber se está sendo prolixo ou não, é observar as informações presentes no seu texto.

Elas estão caminhando juntas em uma mesma direção? O que você está contando, em algum momento vai fazer sentido na trama? Se a resposta para essas duas perguntas for "não", já sabe; está sendo prolixo.

Outra característica que indica que você talvez esteja sendo prolixo é a quantidade de personagens na história.

Não coloque personagens só por colocar. E também não queira contar a história de vida de todos eles.

Cada personagem precisa ter uma função específica na trama. Você pode até citar um personagem ou outro que não será devidamente explorado, mas deixe ele no seu devido lugar.

Se você ficar apresentando personagens atrás de personagens que, no final das contas não tem ligação nenhuma com o "grand finale", sua leitura não será nada fluida.

Capítulos menores

Outro problema que pode deixar sua narrativa cansativa e nada fluida, é estender demais o que não deve ser estendido.

Procure dividir sua história em pequenos blocos. Uma história bem escrita, geralmente, tem começo, meio e fim.

Dividir a história nesses três principais blocos, vai fazer você ter uma visão mais organizada do texto.

Com isso, você vai dividindo também cada parte em pequenos capítulos.

Mas lembre-se que os capítulos precisam estar conectados ao todo, contribuindo para o desenvolvimento e o desfecho da história.

Você não precisa necessariamente fazer de tudo para encurtar a narrativa. O que é preciso, na verdade, é encontrar um tamanho equilibrado de páginas para contar aquela parte da história, sem exageros, é claro.

Uma maneira eficiente de você fazer isso é ser fiel ao conteúdo do capítulo. Não queira tratar de vários assuntos em um capítulo só.

Se em determinado capítulo você está contando como foi que "fulano" descobriu "tal coisa", seja fiel a isso. E depois, em outro capítulo, você aborda outros pontos.

Não dê espaço para palavras muito rebuscadas

Já foi-se o tempo em que escrever difícil era escrever bonito. Atualmente, os leitores estão cada vez mais propensos a escolher leituras mais fluidas.

Isso porque ninguém tem paciência para ficar pausando a leitura a cada página virada para pesquisar o significado de palavras desconhecidas.

Se você quer que o seu livro transforme a vida das pessoas de alguma maneira, você precisa eliminar palavras muito difíceis dele.

Dê preferência para palavras que façam parte do cotidiano das pessoas. Escrever difícil só cria obstáculos na compreensão do texto.

Elegância é conseguir enviar uma mensagem que seja compreendida pelo leitor. Escrever um grande número de palavras difíceis, que o leitor não vai compreender, é trabalho perdido.

Se o leitor não consegue entender o que você escreve, por que ele deveria continuar a leitura?

Parágrafos e frases menores

Da mesma forma que os capítulos precisam ter um tamanho equilibrado, os parágrafos e as frases também. Exageros em excesso, atrapalham na fluidez do texto.

Mas isso não quer dizer que você precisa levar ao pé da letra e reduzir tudo. É importante manter o equilíbrio.

Se em determinado momento você escreveu uma frase um pouquinho maior, na frase seguinte você escreve menos.

Esse contraste faz com que a leitura seja muito mais agradável e fluida, pois torna o texto mais atraente. Essa estratégia pode ser usada até mesmo fora dos livros.

Tente conversar com uma pessoa que não dá pausas durante a conversa. Seria muito chato, não? Uma pessoa falando o tempo todo sem dá espaço para que o outro possa discernir o que está sendo dito não é nada agradável.

Além disso, escrever parágrafos menores deixa o texto esteticamente mais bonito.

Conclusão

Escrever um texto fluido e um texto difícil tem a mesma dificuldade, a diferença é que textos mais fáceis de serem lidos são mais acessíveis e podem mudar a vida de mais pessoas.

Ao escolher escrever textos mais fluidos, você estará tomando a decisão de alcançar mais leitores, ao passo que, escrever de forma difícil, sem nenhum motivo ou intenção, poderá deixar sua história desagradável e enfadonha.


Fontes: Unicep, BMS Brasil, Clube da Fala e Rock Content