Rafael Moraes (Fundador)

19 de jan de 20233 min

Com o uso de IA, homem escreve, ilustra e publica livro infantil em 3 dias

O gerente de design de produtos Ammaar Reshi tem recebido duras críticas por usar inteligência artificial (IA) na criação de seu livro infantil.

Ammaar Reshi, via Insider

O norte-americano Ammaar Reshi, gerente de design de produtos em São Francisco, EUA, escreveu, ilustrou e publicou o livro infantil "Alice and Sparkle" em apenas 72 horas.

Para a criação do livro, ele usou dois aplicativos de inteligência artificial: ChatGPT e Midjourney.

Com o ChatGPT ele produziu o texto e, com o Midjourney, ele fez as ilustrações.

A ideia de criar o livro surgiu quando Reshi estava contando histórias para os filhos de alguns amigos.

Ele utilizou as duas plataformas de inteligência artificial para escrever e ilustrar a obra. Além disso, dentro de apenas três dias, ele ainda conseguiu publicar e imprimir o livro pela Amazon.

A problemática começou no Twitter, quando Ammaar Reshi fez uma postagem contando um pouco sobre sua jornada de escrever, ilustrar e publicar o livro em tão pouco tempo

Inicialmente, a maior parte das pessoas elogiaram, demonstrando admiração pelo feito. No entanto, horas depois, começou a surgir inúmeros comentários ofensivos, contra o uso da inteligência artificial.

Muitos usuários disseram que ao usar IA, Ammaar Reshi estava roubando o trabalho dos artistas.

Por que os artistas estão criticando o uso de IA na criação do livro?

De acordo com o portal norte-americano Insider, as críticas dos artistas surgiram por conta da preferência da inteligência artificial no lugar do trabalho humano.

Ao utilizar o Midjourney, por exemplo, Ammaar Reshi pôde usar como referência vários artistas do mundo real para ilustrar seu livro.

No entanto, mesmo usando o trabalho humano como referência, o aplicativo não paga os direitos autorais ao artista que criou a técnica.

Dessa forma, qualquer pessoa que queira criar determinada ilustração, pode se basear em artistas reais e pagar bem menos pela produção.

Outra crítica feita a Reshi, é sobre a escrita do texto.

Por usar o ChatGPT, Reshi recebeu críticas em relação a narrativa que, segundo um dos revisores da Amazon, "É rígida e não tem voz alguma".

O que Ammaar Reshi disse sobre o caso

Para Ammaar Reshi, toda a produção do livro foi apenas um processo criativo. Ele afirma que não tinha nenhum interesse em reivindicar a autoria do livro.

O objetivo era criar um livro e dar de presente para os filhos de alguns amigos. Para ele, os verdadeiros autores da obra foram as duas inteligências artificiais.

Eu nem me chamaria de autor. A IA é essencialmente o ghostwriter, e a outra IA é o ilustrador, disse Reshi ao portal Insider.

Artistas contra a IA

Com o avanço da tecnologia, a arte tem se tornado cada vez mais "robótica" e menos humana.

Aplicativos e plataformas que imitam o trabalho feito por pessoas tem ganhado cada vez mais espaço.

Não só em casos como o de Ammaar Reshi com o livro "Alice and Sparkle", mas também em muitas outras vertentes, como na música.

O Spotify, por exemplo, quando surgiu, foi alvo de muitas críticas no mercado musical.

A empresa foi criticada por disponibilizar músicas gratuitas e pagar um valor simbólico aos artistas pelos direitos autorais.

Isso também aconteceu recentemente com o aplicativo Lensa, que transforma selfies em obras de arte feito com IA.

E casos assim tem se tornado cada vez mais frequentes.

Apesar dos benefícios gerados pela inteligência artificial, é preciso destacar que a classe artística tem sofrido bastante com isso, principalmente artistas com menos espaço no mercado.

Digamos que um artista leve dez horas para pintar um quadro.

Ele passa a vida toda estudando, aprimorando suas habilidades, investindo recursos em sua carreira e desenvolvendo novas técnicas.

De repente, surge um aplicativo que consegue fazer todo o trabalho de uma vida, em poucos minutos, custando bem menos para o consumidor.

O mesmo vale para os livros.

Existem escritores que demoram meses para escrever um livro. Há também autores que passam anos trabalhando numa mesma história.

Depois de todo esse tempo trabalhando em um texto, tem ainda todo o trabalho de edição e publicação, o que demanda ainda mais tempo.

Porém, com o auxílio da inteligência artificial, um livro que demoraria meses ou anos, fica pronto em poucas horas, por um custo bem menor para o consumidor, tirando assim, a exclusividade do artista.

A inteligência artificial veio para ficar

Apesar de todos os debates e protestos ao redor do mundo contra o uso de inteligência artificial no meio artístico, é preciso destacar que a tecnologia continuará se desenvolvendo cada dia mais.

Isso não quer dizer que a classe artística tenha que se render e desistir de seu trabalho primordial para a humanidade.

Entretanto, é preciso encontrar um meio termo para que os dois lados possam viver em harmonia.

E você, o que acha desse duelo? Comenta aqui embaixo o que pensa sobre isso! :)


Fontes: Insider e Tecmundo


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