Rafael Moraes (Fundador)

20 de set de 20223 min

A máquina de escrever foi inventada por um brasileiro?

Atualizado: 18 de jan de 2023

No livro intitulado Francisco João de Azevedo e a Invenção da Máquina de Escrever, o pesquisador Rodrigo Moura Visoni apresenta a história pouco conhecida de um dos equipamentos mais importantes da história: a máquina de escrever.

Em meados do século 19, um padre brasileiro chamado Francisco João de Azevedo inventou um equipamento muito peculiar, denominado, na época, como Máquina Taquigráfica.

Esse equipamento visava mecanizar a escrita, tornando-a mais rápida e prática. A máquina foi constituída em um formato similar a de um piano, possuía 16 teclas e um pedal.

Foi exposta pela primeira vez em Recife, em novembro do ano de 1861, na Exposição dos Produtos Naturais, Agrícolas e Industriais das Províncias de Pernambuco, Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.

Durante a exposição, a máquina foi muito elogiada e admirada.

A máquina também foi exposta no Rio de Janeiro poucos dias depois, na Primeira Exposição Nacional.

Entre os mais de 1.136 participantes da exposição, que exibiram, ao todo, mais de 9.962 objetos, apenas nove deles receberam uma medalha pelas mãos do imperador Dom Pedro II. E o padre Francisco João de Azevedo ficou entre eles; a medalha recebida foi de ouro.

Por que o padre 'Francisco João de Azevedo' não é reconhecido como o inventor da máquina de escrever?

De acordo com o Portal EBC, um estrangeiro norte-americano induziu o inventor brasileiro a desistir de patentear a invenção.

Ainda segundo o portal, esse mesmo norte-americano teria roubado a ideia do padre e levado a um agente de negócios, que teria passado os desenhos ao tipógrafo Christopher Latham Sholes, que aperfeiçoou o equipamento e se tornou célebre por ter criado a máquina de datilografar.

No entanto, de acordo com o Instituto Humanitas Unisinos, que utilizou o livro do pesquisador brasileiro Rodrigo Moura Visoni como base, o patenteamento não foi feito por questões burocráticas da época, assim como, os poucos recursos do inventor. Veja:

Há 17 anos pesquisando inventores brasileiros, Visoni credita o desperdício e a falta de reconhecimento de feitos nacionais a vários fatores. “O primeiro é que o inventor brasileiro com frequência não se resguarda registrando seus inventos no Instituto Nacional de Propriedade Industrial, até porque o próprio processo de patenteamento costuma ser lento e oneroso”, explica.

Ainda segundo o artigo do Instituto Humanitas Unisinos:

Outra razão, segundo o estudioso, é que raramente o inventor tem dinheiro e tino comercial para industrializar os próprios inventos e, quando consegue que algum empresário invista na nova tecnologia, é comum ser ludibriado pelo sócio, que não lhe paga os devidos royalties. Nesses casos, a única solução é recorrer a advogados especialistas em propriedade industrial, cujos serviços não são baratos. Para piorar, os processos podem se prolongar por décadas. “Tudo, enfim, desfavorece o reconhecimento e o sucesso dos inventores nacionais”, resume Visoni.

Com isso, é possível compreender as possibilidades a cerca do não patenteamento da invenção por parte do padre João Francisco de Azevedo.

Quem foi 'Francisco João de Azevedo'?

Francisco João de Azevedo nasceu no ano de 1814, em João Pessoa, Paraíba. Ingressou no Seminário de Olinda aos 21 anos.

Foi inventor, professor de muitas matérias, como, por exemplo, francês, latim, álgebra, geometria e aritmética.

Foi também artista, aventurando-se pela pintura e desenhos. Teve passagem pelo jornalismo, escrevendo o semanário O Phil'artista.

Na Faculdade de Direito do Recife, foi professor substituto de aritmética e geometria. Foi também membro honorário do Instituto Histórico e Filosófico de Pernambuco.

Lecionou também na Sociedade dos Artista Mecânicos e Liberais do Estado.

Além disso, Francisco João de Azevedo foi inventor do elipsógrafo, assim como, de um carro movido a energia eólica e um barco que funcionava a energia marítima.

Seu último invento foi um espremedor de cana-de-açúcar que gastava menos energia.

Francisco João de Azevedo era maçom.

Conclusão

O padre Francisco João de Azevedo, inventor da Máquina Taquigráfica, é pouco conhecido por seu trabalho de substancial importância para o mundo.

Sua invenção foi pioneira no segmento e norteou o trabalho de Christopher Latham Sholes, homem que possui o status de inventor da máquina de escrever.

Francisco João de Azevedo, além de inventor, foi também professor, artista e jornalista.


Fontes: IHU, EBC, Pesquisa Fapesp e Vivendo Bauru


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